[Coluna] Dracarys Baby! Impressões sobre o primeiro episódio: S2E01 – Um Filho Por Um Filho

Por Samir Saif Tomaz

A Tecelaria que abre o primeiro episódio da segunda temporada d’A Casa dos Dragões nos traz uma impressão muito diferente do que foi a abertura da temporada anterior, mais lúdica, mais clara e imersiva. A música é mais do mesmo e parece que o compositor Ramin Djawadi ou perdeu a criatividade, ou os produtores perderam interesse pelo novo de sua música.

Uma pena, destoou do novo que a abertura nos proporcionou.

Gif Animado

Ser fã das obras de Georginho Martin não é fácil, temos uma saga incompleta de Crônicas de Gelo e Fogo, adaptações que muitas vezes não agradam a grande maioria dos leitores e intervalos gigantescos entre uma mídia e outra. Intervalos que por muitas vezes parecem uma eternidade.
E assim seguimos nossas vidas e nossas rotinas seguem, a ponto de esquecermos o lore original da Dança dos Dragões, seus detalhes e pormenores que amamos odiar e contestar quando são exibidos na tela. E o primeiro episódio não fugiu dessa regra.

A Morte dos Dragões, titulo que abre oficialmente a treta entre Pretos e Verdes traz em seu subtítulo Um Filho por Um Filho, lá na pagina 349 de Fogo e Sangue, de George R. R. Martim (ed. Suma) e se apresenta como o titulo que abre o primeiro episódio em uma Winterfell que lembra muito Game of Thrones.

Jacaerys Velaryon, filho de Rhaenyra encontra um jovem Cregan Stark em seus vinte anos de idade, depois de passar pelo Vale, Porto Branco o encontrando em Winterfell. Mas só nos livros. Na versão dirigida por Ryan Condall o jovem Jace se encontra na Muralha, reforçando uma narrativa que aproxima o público dos males que espreitam o Além Muralha que mais tarde serão enfrentados n’As Crônicas de Gelo e Fogo e em Game of Thrones. Assim como a adaga cria esse link e aproxima o público dessas mesmas obras.

Visto isso, o que se segue é um Conselho Verde que beira o cômico com um rei caricato e impulsivo, quase um plágio de um Joffrey Baratheon.

A tentativa de fazer o filho do rei Aegon II acompanhar o trabalho do pai quando deveria estar brincando ou aprendendo com um meistre, se torna uma breve comedia de erros e pode apontar que nem tudo sairá como os verdes desejam, com tantos conflitos de interesse acontecendo ao mesmo tempo entre Alicent, Otto, Aegon II e o restante que não parecem muito estar alinhados.

O patriarcado real, aliás tem mais sucesso em satisfazer os desejos sexuais de Alicent que ouvir sua opinião no Grande Conselho. Parece que algum Strong ficou chupando o dedo nessa história, e não foi o do pé. E não, não esqueci de Aemond Caolho, apesar dele perceber o amor escondido na mágoa que sua mãe sente por Rhaenyra, ele só faz parte dessa confusão mesmo. Ao menos nesse episódio.

Enquanto temos esse barulho constante de opiniões e posicionamentos diferentes, do outro lado, entre os Negros, o que se segue é um silêncio incomodo, constante e enlutado, Emma D’Arcy consegue apresentar uma Rhaenyra que talvez não tenhamos a oportunidade de ver nos outros episódios dessa temporada, profunda, mergulhada em sua própria dor, aparentemente fragilizada pela perda e sem precisar de muitas falas, o que prova que nela vive uma grande atriz. Vellaryons fazem sua parte, Jace tenta inutilmente segurar seu choro e os roteiristas consegue emaranhar mais uma vez uma trama onde os Negros ganham mais empatia do público em geral enquanto os Verdes dão a impressão de recriar um Teatro Mambembe.

Não é um enlace difícil de identificar nesses fios pretos e verdes que se formam nessa nova tapeçaria.
E nesse mesmo ambiente soturno e enlutado Daemon “Matt Smith” Targaryen também faz sua parte encontrando Misaria, a Verme Branco, a colocando contra a parede e engendrando sua vingança rumo a escalada da violência que resultará em mais sangue, e mais fogo. Misaria apesar de deixar claro que a plebe em nada tem a ver com as dores, ambições e caprichos da realeza, contribui com um dos eventos mais impactantes de Gelo e Fogo.
E é aí onde está o problema. O público de primeira viagem não tem a mesma percepção dos leitores ansiosos por uma versão que lhes agrade. Não sentiram nem sentirão falta de Maelor, o caçula do rei Aegon II e Healena descrito no livro, e quem espera fidelidade vai achar Queijo e Sangue atropelado, cortado e mal escrito. Quando na verdade não é. É apenas mais enxuto, e não é a primeira vez que um dos dez mil personagens do Mundo de Gelo e Fogo é omitido na versão para tv.

E dessa vez o silencio que antes pertencia aos Negros, agora aterroriza os verdes, não se ouvem gritos, não se vê resistência, até a lamina que corta a garganta do pequeno primogênito do rei que ocupa atualmente o Trono de Ferro é quase surda aos ouvidos dos mais sedentos por um grande espetáculo de sangue escorrendo pela tela. É um episódio sobre perdas, sobre impotência diante da violência de um silencio ensurdecedor.
Dracarys Baby!

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