NOVO PROJETO: Galeria do Terror, o podcast!

Angélica Hellish e Marcos Noriega iniciam oficialmente os trabalhos do ano com mais um projeto apresentado pelo grande Rod Serling (The Twilight Zone) Night Gallery –  aqui no Brasil Galeria no Terror – que foi uma série de televisão de antologias, com histórias curtas, as vezes divididas em dois ou tres segmentos, que foi ao ar na NBC de 16 de dezembro de 1970 a 27 de maio de 1973, apresentando histórias de ficção científica, terror e macabro.

Um filme de TV de duas horas em novembro de 1969 serviu como piloto e introduziu o conceito do título de um museu abstrato na escuridão existencial. No filme, as pinturas ficam em cavaletes, enquanto a série as deixa penduradas no céu por fios. Serling avança ou aparece e se posiciona diante de uma tela, ou de um grupo de duas ou três.

Escritores clássicos de TV como Jack Laird (produção) e Malcolm Marmorstein davam o tom da série e lendas da ficção científica e da ficção de gênero como Richard Matheson e Robert Bloch também escreveram episódios. Há até um episódio que é uma adaptação direta do conto de HP Lovecraft “Pickman’s Model”, bem como “A Matter of Semantics”, um episódio que não foi escrito por Serling nem seu personagem principal é uma invenção de Serling – Conde Drácula ( César Romero )! 

Night Gallery também ficou famosa por ser a estréia de vários diretores, que depois se tornariam figuras muito conhecidas, como Steven Spielberg!

Então aproveite nosso novo podcast! Os programas irão sair todas as segundas e sextas feiras, tanto aqui no site como em aplicativos de podcast e no nosso canal no Youtube (inscreva-se!)

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O projeto de revisão da série Hannibal: Festim Podcast

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NOVIDADE: Todos os projetos, incluindo esse, estão dosponibilizados no site Archive: (Clique no nome)

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Masmorra Cast #88 A Queda da Casa de Usher

Angélica e Marcos conversam sobre a minissérie A Queda da Casa de Usher (The Fall of the House of Usher – NETFLIX 2023) o olhar do diretor Mike Flanagan sobre os contos de Edgar Allan Poe com perspectivas e questões atuais.

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Masmorra Cast #83 Frankenstein de Mary Shelley

Hoje Angélica Hellish,  Marcos Noriega E Filipe Pereira (Vortex Cultural e Cinealerta) conversam sobre uma das adaptações mais estilosas (e controversas!) da história criada por Mary Shelley, a versão de 1994 dirigida por Kenneth Branagh e roteirizada por nada mais, nada menos do que o genial Frank Darabount!

(LIVE SIMULTÂNEA NA TWITCH E NO YOUTUBE  @AngelMasmorra !

TODAS AS SEXTAS FALAREMOS SOBRE UM FILME CULT! Siga a gente lá também!) o próximo é A CELA (THE CELL)

Saiba como foi a recepção na época, detalhes de produção FO – FO – CAS e tudo o mais que esse clássico do VHS trouxe para os amantes do cinema!

Disponível na HBO Max! Essa versão acima está no OKRU (nós também temos canal lá, confira o link abaixo)

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[Vídeo] O QUE DEVE ACONTECER NA SÉRIE O SILO? – SPOILERS! #Silo

Leu os livros?  Chega junto para trocarmos impressões!

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Batendo Papo na Masmorra #89 The Last of Us S1E09 “Look for the Light” – Season Finale

Angélica HellishMarcos NoriegaSamir Saif e Karine Bender conversam sobre o nono episódio de The Last of Us, “Look for the Light”, que nos leva ao encerramento da 1ª temporada de forma emocional trabalhando de forma sensacional a preocupação de Joel por Ellie e se realmente há esperança de conseguirem a cura para a humanidade. Mas se houver, qual seria o custo?

Marcos: Mad Max: The Road Warrior (1981)  / Música: One of the Living (Tina Turner)
Samir: Vigor Mortis Comics (quadrinhos) Zarabatana Books / Música: Cadê Você (Lulu Santos)
Karine: Life Is Strange 1 / Música: Fresno – Caminho Não Tem Fim
Angélica: Missing (2023) / Música: Le on Me (Bill Withers)

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Para ajudar o projeto de qual o Samir faz parte! ABAMEC Morretes – Associação Brasileira de Artes Marciais, Esporte e Cultura – Banco do Brasil – Agência 2327-2 – Conta Corrente 18.666-0

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O sorteio será depois do último podcast sobre a série Além da Imaginação e o prêmio é um linda ilustração emoldurada dessa série clássica. Acompanhe o episódio por aqui ou pelo nosso canal na Twitch, todos os links estão aqui

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Festim #01 Conversa sobre as adaptações de Hannibal #Twitch

Angélica Hellish bate um papo e apresenta um novo projeto (especial só para quem segue na TWITCH – @AngelMasmorra, será todas as terças feiras 20h) o Festim, que se inicia abordando os 32 anos do lançamento do filme O Silêncio dos Inocentes(Jonathan Demme 1991), suas infuências e adaptações dos livros de Thomas Harris e dá start na análise do primeiro episódio da série Hannibal (2013-2015 atualmente na Prime Vídeo para assistir) cujo piloto se chama Apéritif e que surpreendeu a todos com uma outra abordagem do que se entendia como Dr. Hannibal Lecter e o universo de crimes abordado nos livros.

AVISO IMPORTANTE : Só vamos publicar o podcast aqui no site somente essa vez atendendo a pedidos. A intenção é que vocês nos sigam na Twitch (quem não tem conta, se inscreva para nos ajudar por favor ❤ ) vamos fazer uma versão em podcast para enviar para os inscritos.

Quem quiser receber precisa nos avisar por e-mail ( contato.cinemasmorra@gmail.com) que se inscreveu na Twitch, com qual nome está lá kkk e enviaremos a versão em áudio da live. A gente entende que nem todos podem estar livres nesse dia e horário, mas a intenção é que a gente consiga chegar nos 50 inscritos! A Twitch DELETA as lives de quem não tem essa quantidade mínima de seguidores.   

Obrigada amigos!

Angélica Hellish

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#1 pilotoApéritifquinta-feira 04 abr 2013 (NBC)Contra o conselho de seus colegas, o chefe do FBI Jack Crawford recruta o investigador especial Will Graham para ajudar a encontrar um grupo de universitárias que estão desaparecidas. Para a consultoria do caso, foi recrutado o psiquiatra Dr. Hannibal Lecter, que tem uma vida dupla secreta de assassinatos e canibalismo.

No Google Drive:

ASSISTA AQUI (Dublado)   https://drive.google.com/file/d/137GnfQQMeMUy6v6VIyrgAFPeThkTcAlV/view

No Ok.Ru:

Mencionados:  Manhunter: Caçador de Assassinos (1986) / O Dragão Vermelho (2002) / Hannibal: A Origem do Mal (2007)

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Masmorra Cast # 82 Especial Halloween: Horror do Sudeste Asiático

Angélica Hellish, Marcos Noriega, Douglas Fricke do Podtrash e Filipe Pereira do Cine Alerta conversam no Especial de Halloween deste ano de 2022 sobre os filmes de horror realizados na região do Sudeste Asiático a qual agrega diferentes povos, religiões e culturas, o que resulta em uma maravilhosa diversidade das produções de cinema de gênero.

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Mencionados: Sumpah Orang Minyak (1956) / The South Seas Queens (1985) /  The White Crocodile Queen (1988) / Devil’s Sword (1984) / The Snake Queen (1982) / KL24-Zumbis (2017) / O Sétimo Mês (The Maid, 2005) / Dearest Sister (2016) / Chanthaly (2013) / Kisapmata (1981) / Mad Doctor of Blood Island (1968) / Brides of Blood (1968) / Beast of Yellow Night (1971) / Nang Nak (1999) / Pee Mak (2013) / The Medium (2021) / Pengabdi Setan (1982) / Pengabdi Setan (2017) / Impetigore (2019) / Coming Soon (2008) / The Parallel (2014) / Nieng Arp (Lady Vampire, 2004) / Krasue Sao aka Ghost of Guts Eater (1973) / Mystics in Bali (1981) / Krasue: Inhuman Kiss (2019) / Lady Terminator (1989) / Neang Sak Pus (Girl with Snake Hair, 1970) / Ang Paday (1980) / Darna (1991) / Terror is a Man (1959) /  The Twilight People (1973) / Sompote Sands (1981) / Hanuman and the 5 Kamen Riders (1975) / Crocodile (1979) / Phra Rot-Mheri (1981) / Sundel Bolong (1981) / Sumpah Pontianak (1958) / A Arte do Demônio 1 (2004 / A Arte do Demônio 2 (2005) / Rumah Dara (Macabre, 2009) / Meat Grinder  (2009) / Bliss (2017) / Roh (2019) / Kumanthong aka Thien Linh Cai (2019) / Fortuna Maldita (2018) /  O Terceiro Olho 1 (2017) / O Terceiro Olho 2 (2019) /  Ghost Lab (2021) / The Eye (2002) / Assombração (Re-Cycle, 2006) / Munafik (2016) / The Coffin (2008) / Espíritos, A Morte Está ao Seu Lado (Shutter, 2004) / 4Bia (Phobia, 2008) / Modus Anomali (Ritual, 2012) / The Maid (2020) / Dorm  (O Espirito, 2006) / Histeria (2008) / Midnight University (2016) / The Pool (2018) / Sop aka Cadaver (2006) / Pesadelo Perfumado (1977) Documentário: O Ataque das Mulheres Assassinas (Machete Maidens Unleashed/2010) / Muoi: The Legend  of  a Portrait (2007)

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The House of Dragon ou A Casa dos Dragões, da HBO.

por Samir Saif Tomaz.

     No dia 21 de agosto desse ano tivemos a sorte sentar em frente a tv pra ver House of the Dragon, que chegou ao Brasil sob o título de A Casa dos Dragões. De cara, temos o logo de abertura  da HBO e em seguida uma narração em off dizendo – Quando o primeiro século da Dinastia Targaryen chegou ao fim, a saúde do Velho Rei Jaehaerys começou a falhar. Naquele tempo, a Casa Targaryen vivia o ápice de sua força, com dez dragões adultos sob seu jugo. nenhuma força do mundo poderia se opor a ela. O rei Jaehaerys, reinou por quase sessenta anos de paz e prosperidade. Mas uma tragédia levou ambos seus filhos, deixando sua sucessão em dúvida. Então, no ano 101, o grande rei convocou um conselho para prevenir uma guerra na sua sucessão. Pois ele sabia a dura verdade. A única coisa que poderia destruir a Casa do Dragão, era ela mesma. – e assim começa  The Heirs of the Dragon, ou Os herdeiros do Dragão.

     O episódio de estreia, dirigido por Miguel Sapochnik (diretor do episódio Hardhome em Game of Thrones) e roteirizado pelo showrunner Ryan Condal é a partida dessa tragédia épica, cheia de tons folhetinescos e desenrolar shakespeariano. Diferente de sua “neta” ou parente distante Game of Thrones, A Casa dos Dragões tem uma estrutura narrativa bem distinta de sua “parente”. Se na anterior temos temporadas focadas em crônicas dos mais diversos personagens e muitos, muitos núcleos (o que pode ter sido o problema de Got, principalmente quando a serie se distanciou da obra original), em House of the Dragon temos uma estrutura de núcleos mais enxuta, permitindo focar os fatos em dois luminares da serie numa clara luta por antagonismo e protagonismo. A chama vermelha dos Negros, representada por Rhaenyra (interpretada inicialmente por Milly Alcock) e a chama verde da Torre Alta (na pele da jovem Emily Carey no papel da jovem Alicent Hightower). Assim, dentro dessa narrativa somos jogados dentro de uma antologia de relatos históricos diversos e variados sobre a dinastia Targaryen num dos momentos mais tristes e sangrentos da história de Westeros, a Dança dos Dragões.

Mas, se no dia 21 a serie estreou, foi no dia 22 que nós estreamos nossa primeira live no Youtube de nossas Impressões sobre House of the Dragon, com a participação dos já conhecidos Angélica Hellish e Marcos Noriega, acompanhados inicialmente por Fillipe Pereira e Samir Saif Tomaz. Mais tarde tivemos a companhia de Nana Gouveia. E seguimos episodio a episodio assim, tentando trazer diferenças entre os livros e a serie, chorando, sorrindo, nos enfurecendo e nos maravilhando com todo esse processo. E é na estreia dessa coluna que gostaria de agradecer a todos ouvintes, leitores, acompanhadores e fãs d’A Casa dos Dragões e da equipe do Masmorracine por nos fazer companhia nesses dez episódios. Mas não vamos nos ater a nós mesmos. O assunto é A Casa dos Dragões, e saltos. Saltos temporais abruptos, um problema cronológico que atrapalhou muito os fãs dos livros e confundiram muito os fãs da serie, no entanto, isso foi compensado pelo elenco excepcional, direção firme na maior parte dos episódios, uma produção de engenharia de som robusta, fotografia belíssima, mesmo que o sexto episódio tenha trazido uma escolha estética que nos mergulha na escuridão, o que mais tarde vemos que a direção tem intenção de que essa escuridão mergulhe pra dentro do publico também,e a impecável produção de design da serie, que conversou todo tempo com o publico com suas cores, brasões, armas e cenários deslumbrantes. Marca já conhecida da HBO, mas que jogou uma paleta de cores bem melhor que a comparável Guerra dos Tronos.   

E foi isso, em meio a mortes, intrigas e traições, uma cartilha tão conhecida pelos fãs da obra de George R. R. Martim, nos dirigimos ao fim da temporada, podendo ter que aguardar o oposto do salto temporal, já que precisaremos esperar ao menos dois anos pra segunda temporada que virá recheada de Syrax, Vaghar, Caraxes entre outras grandes estrelas desse CGI competente e verossímil que jogaram na tela pra todos nós. É Dracarys que queremos, foi Dracarys que tivemos e Dracarys ainda iremos ter, pois os deuses novos e antigos assim quiseram, nessa novela trágica onde o Fogo e o Sangue definem o único Jogo dos Tronos que nos importa. Pelo menos nesse spin-off que já parece caminhar com as próprias pernas sem depender ou se ancorar em Game of Thrones. Um abraço a todos, e Dracarys!

A Separação (Irã, 2011)

Mensalmente, estamos aqui no Masmorra Cine, falando de filmes não-estadunidenses de uma forma que cabe no seu tempo e, de quebra, apresentando dicas culturais oriundas dos países das obras destacadas. Venha conosco. Hoje, iremos ao Irã.

Carvalho de Mendonça – Podcast ” O Livro da Minha Vida” – Blog Veia Dramática

 

A SEPARAÇÃO (Irã, 2011)

Jodaeiye Nader az Simin – Drama – 2h03min – Asghar Farhadi

A obra em 9 segundos

Passando por um doloroso processo de divórcio, um homem é acusado de ter causado um aborto na cuidadora de seu pai, fato que desencadeia uma série de consequências para todos perante o cruel sistema judiciário iraniano.

***

A obra em 54 segundos

Vencedor do Oscar, do Globo de Ouro, do César e do Urso de Ouro no Festival de Berlim, A Separação é o filme mais conceituado do diretor iraniano Asghar Farhadi, cineasta que vem marcando o seu nome na história, com um estilo muito próprio de ambientar dramas familiares no seio dos costumes do Islamismo. Simin (Leila Hatami) é casada com Nader (Payman Maadi) e leva uma vida de classe média no Irã. Em que pese pertencer a uma posição social superior à de grande parte da população, ela não se sente feliz com as limitações impostas às mulheres no país, e pretende se mudar para o exterior com a filha, para que esta tenha um futuro melhor. Quando ela sai de casa, Nader contrata Razieh (Sareh Bayat) para cuidar de seu pai. Após uma discussão acalorada, a cuidadora o acusa de ter lhe causado um aborto e o caso vai para o tribunal. As mentiras contadas e as decisões erradas tomadas por todos geram cruéis consequências para eles perante a justiça iraniana.

*** 

A obra em 2 minutos e 45 segundos

O cineasta iraniano Asghar Farhadi vem marcando o seu nome na história, com um estilo muito próprio de ambientar dramas familiares no seio dos costumes do Islamismo. Vencedor de duas estatuetas do Oscar, o diretor já emplacou sucessos como Procurando Elly, O Passado, O Apartamento, Todos Já Sabem e, principalmente, o seu trabalho mais conceituado A Separação, lançado em 2011, e estrelado por Peyman Moaadi, Leila Hatami, Shahab Hosseini, Sareh Bayat, Sarina Farhadi e Ali-Asghar Shahbazi.

Contemplado no Oscar, no Globo de Ouro, no César e no Urso de Ouro do Festival de Berlim, A Separação conta a história de Nader (Maadi), homem que, passando por um doloroso processo de divórcio, é acusado de ter causado um aborto na cuidadora de seu pai. As mentiras contadas e as decisões erradas tomadas por todos geram cruéis consequências para eles perante a justiça iraniana.

A trama se inicia quando Simin (Hatami), esposa de Nader, decide pedir o divórcio. Ela leva uma vida de classe média no Irã e, em que pese pertencer a uma posição social superior à de grande parte da população, não se sente feliz com as limitações impostas às mulheres no país, e pretende se mudar com a filha, para que esta tenha um futuro melhor no exterior. Nader não aceita acompanhar Simin no seu sonho e, diante do juiz, não autoriza que ela leve a filha Termeh (Samira Farhadi) junto na viagem.

Quando sai de casa, Simin contrata Razieh (Bayat) para cuidar de seu sogro, que sofre de Alzheimer. Logo de cara, Nader percebe a dificuldade de conciliar os cuidados com o pai, os cuidados com a filha e a sua profissão, que o tira de casa pela maior parte do tempo. A escolha de Razieh para a função de cuidadora é a primeira decisão equivocada, pois, de família religiosa e praticante do Islamismo, ela esconde do marido Hojjat (Hosseini) que está trabalhando para um homem divorciado. Além disso, com receio de perder o emprego, ela não conta ao chefe que está grávida. Precisando ir ao médico, ela amarra o paciente à cama e sai. Nader encontra o pai quase morto e fica possesso. Numa discussão acalorada, ele empurra Razieh, que o culpa por ter perdido o filho.

Asghar Farhadi trabalha com exímia competência a exposição dos personagens à brutal repressão e ao sufocamento provocados pelo moralismo e pelos costumes. Em A Separação, o cineasta se utiliza das questões de tribunal, para mostrar ao mundo o machismo, o sexismo e o preconceito de classes muito presentes na sociedade iraniana, e institucionalizados em todas as suas bases, inclusive no poder judiciário. A Separação é um drama poderoso, com uma direção talentosa e atuação magnífica dos protagonistas.

Ponto forte: O cineasta é um especialista em misturar dramas familiares com os costumes do Islamismo no Irã e faz isso mais uma vez com maestria.

Ponto fraco: Não chega a ser um ponto fraco, mas o comportamento e as decisões questionáveis de todos os personagens, faz com que o público tenha dificuldade em ter empatia por algum deles.

*** 

Ficha Técnica

Direção de Asghar Farhadi

Roteiro de Asghar Farhadi

Produção de Asghar Farhadi e Negar Eskandarfar

Elenco principal com Peyman Moaadi, Leila Hatami, Shahab Hosseini, Sareh Bayat, Sarina Farhadi, Ali-Asghar Shahbazi, Shirin Yazdanbakhsh, Kimia Hosseini e Merila Zarei

Fotografia de Mahmoud Kalari

Edição de Hayedeh Safiyari

Design de produção de Keyvan Moghaddam

Figurino de Keyvan Moghaddam

Trilha Sonora de Sattar Oraki

***  

Dica cultural, diretamente do Irã

Asghar Farhadi é um dos principais nomes do cinema mundial, atualmente. Suas obras, A Separação, O Passado, Todos Já Sabem e O Apartamento são sucessos de crítica e público, e os últimos três têm gabarito para ser a dica cultural de hoje, que acompanha a análise do primeiro. Porém, como estamos falando de Irã, a obra exposta desta vez será O Apartamento, filme lançado por Farhadi em 2016, também todo ambientado no país, protagonizado por Shahab Hosseini e vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Um casal de atores é obrigado a se mudar para um apartamento emprestado, já que o seu antigo prédio corre sério risco de desabamento. Na nova morada, a esposa, Rana (Taraneh Alidoosti), é atacada dentro do banheiro, por um desconhecido. Mais preocupado com a sua própria honra, do que com os traumas da mulher, Emad (Hosseini) quer vingança. Mais uma vez, Farhadi escancara os conflitos morais de uma sociedade extremamente machista, regida por dogmas religiosos, que é totalmente alheia aos sentimentos femininos e aos direitos da mulher.

Por hoje, é isso, companheiras e companheiros.

Até mais.

Carvalho de Mendonça

Destino (Turquia, 2001)

Mensalmente, estamos aqui no Masmorra Cine, falando de filmes não-estadunidenses de uma forma que cabe no seu tempo e, de quebra, apresentando dicas culturais oriundas dos países das obras destacadas. Venha conosco. Hoje, iremos à Turquia.

Carvalho de Mendonça – Podcast ” O Livro da Minha Vida” – Blog Veia Dramática

 

DESTINO (Turquia, 2001)

Yazgi – Drama – 1h59min – Zeki Demirkubuz

A obra em 10 segundos

Uma das melhores obras baseadas no romance O Estrangeiro, de Albert Camus, o filme conta a história de Musa, um homem que acredita que a existência humana é um enorme vazio. Porém, sua apatia lhe trará consequências terríveis.

***

A obra em 46 segundos

Uma das melhores obras baseadas no romance O Estrangeiro, de Albert Camus, Destino, filme escrito e dirigido por Zeki Demirkubuz, é um drama de extrema força, que desperta no público reflexões profundas acerca da condição humana. Musa (Serdar Orçin) é um homem que acredita no total vazio da existência e que a vida não possui qualquer razão superior. Sem aspirações, sonhos, projetos e sentimentos, Musa divide o seu dia em comer, dormir e trabalhar, numa apatia completa. A morte de sua mãe não o abala, nem o deixa triste. Porém, a sua personalidade lhe trará consequências terríveis. Acusado de um crime que não cometeu, ele se recusa a se defender e simplesmente aguarda a sua pena. Longa metragem com um roteiro impecável e uma direção incômoda, “Destino” é um trabalho que martela a mente do espectador por uns bons dias.

 ***

A obra em 2 minutos e 35 segundos

Uma das melhores obras baseadas no romance O Estrangeiro, de Albert Camus, Destino, filme escrito e dirigido por Zeki Demirkubuz, é um drama de extrema força, que desperta no público reflexões profundas acerca da condição humana. Longa metragem que, com um roteiro impecável e uma direção incômoda, martela a mente do espectador por uns bons dias. Ambientado no efervescente cenário político turco, Destino conta a história de Musa (Serdar Orçin), um homem apolítico, que acredita que a existência humana é um enorme vazio. Porém, sua apatia lhe trará consequências terríveis.

Albert Camus é o criador daquilo que é conhecido como absurdismo, ou teoria do absurdo, e seu trabalho O Estrangeiro explora maravilhosamente esse universo. O protagonista do livro, Mersault, é indiferente a absolutamente tudo o que acontece ao seu redor. Não se importa com o passado, nem com o futuro, nem com sonhos, planos, com nada. Suas atitudes são tão distantes das esperadas por uma consciência de normalidade social, que as pessoas não conseguem compreender a sua conduta, assim como ele aparenta ser incapaz de entender as normas comportamentais vigentes.

No filme, Musa divide o seu dia em comer, dormir e trabalhar, numa impassibilidade completa. A morte de sua mãe não o abala, nem o deixa triste. Os atos reprováveis de seu vizinho também não. Os eventos havidos no escritório não o afetam de forma alguma. O limite da estranheza é alcançado quando Musa é acusado de um crime que não cometeu. Ele se recusa a se defender, a dizer o que sabe sobre o caso, a se manifestar, a sofrer, e aguarda, friamente, pelo seu julgamento e por sua pesada pena.

O filme de Zeki Demirkubuz possui consideráveis diferenças para o romance de Albert Camus, mas a essência do pensamento do filósofo franco-argelino está muito bem representada em Destino. A exposição da sociedade a um homem vazio de sentimentos e a exposição deste homem à uma sociedade que não compreende e não aceita a sua personalidade formam um quadro interessantíssimo de reflexão acerca do que realmente importa na vida, e sobre quem tem o poder de decidir isso.

Musa e Mersault não se importam com a vida. Sendo assim, não se importam com a morte. Não se importam com a justiça. Sendo assim, não se importam com a injustiça, com crimes, penas, condenações, liberdades e confinamentos. Não acreditam no bem, nem no mal. Nem no bom, nem no mau. Não acreditam que haja motivações e razões para a existência humana. Acreditam apenas no vazio. No vazio e no absurdo.

Ponto forte: Apesar de ser bastante distinto do livro, o filme consegue apresentar com maestria a reflexão e a profundidade proposta por Camus.

Ponto fraco: Não chega a ser um ponto fraco, pois faz parte da criação do ambiente, mas o ritmo do filme pode ser incômodo para alguns espectadores.

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Ficha Técnica

Direção de Zeki Demirkubuz

Roteiro de Zeki Demirkubuz

Baseado na obra de Albert Camus

Produção de Zeki Demirkubuz

Elenco principal com Serdar Orçin, Zeynep Tokus, Engin Gunaydin, Demir Karahan, Feridun Koç e Emrah Elçiboga

Fotografia de Ali Uyku

Edição de Zeki Demirkubuz

Design de produção de Bahar Evgin

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Dica cultural, diretamente da Turquia

A dica cultural de hoje já é um tremendo sucesso da Netflix, e, como todo filme que bomba no streaming, gera controvérsias, críticas pesadas, opiniões contrárias e divisão do público. Em que pese a maioria dos especialistas terem torcido o nariz para a obra, O Milagre da cela 7 é um “filmão” que merece ser assistido. Discordo das pessoas que atacaram a obra, mas adianto: eles não mentem sobre ela. Realmente, trata-se de um dramalhão, pouco realista, com atuações forçadas e diversos truques para tirar lágrimas de quem assiste. Isto posto, afirmo que são exatamente essas características que fazem de o Milagre da cela 7 uma excelente opção para quem quer se emocionar, torcer pelo mocinho sofrido e se apaixonar pela garotinha.

Por hoje, é isso, companheiras e companheiros.

Até mais.

Carvalho de Mendonça

Cenas de um casamento (Suécia, 1974)

Mensalmente, estamos aqui no Masmorra Cine, falando de filmes não-estadunidenses de uma forma que cabe no seu tempo e, de quebra, apresentando dicas culturais oriundas dos países das obras destacadas. Venha conosco. Hoje, iremos à Suécia.

 

Carvalho de Mendonça – Podcast ” O Livro da Minha Vida” – Blog Veia Dramática

CENAS DE UM CASAMENTO (Suécia, 1974)

Scener ur ett äktenskap – Drama – 2h49min – Ingmar Bergman

A obra em 11 segundos

Filme de quase três horas ou série de seis episódios, obra do inspirado Ingmar Bergman retrata a crise do casamento de Marianne e Johan, com diálogos poderosos, e interpretações inesquecíveis de Liv Ullmann e Erland Josephson.

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A obra em 43 segundos

Vencedor do Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro de 1975, Cenas de um casamento conta a história de Johan (Erland Josephson) e Marianne (Liv Ullmann), um casal bem sucedido financeiramente e profissionalmente, que percebem, após alguns acontecimentos, que o seu casamento está ruindo. Poderoso e comovente, o filme é um dos retratos familiares mais complexos da história do cinema. Concebido inicialmente como uma série de seis episódios, a obra completa totaliza 281 minutos sublimes, com uma direção sensível e provocadora de Bergman, e uma atuação magnânima da incomparável Liv Ullmann. Acompanhamos a evolução e a decadência psicológica e sentimental do casal, numa análise comportamental jamais vista. Os diálogos ácidos de Bergman, recheados de inserções filosóficas, antropológicas, sociológicas e literárias, tocam profundamente em feridas doloridas do cotidiano a dois.

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A obra em 2 minutos e 5 segundos

O sucesso do original Netflix História de um casamento, dirigido por Noah Baumbach, fez a comunidade cinematográfica da internet relembrar um clássico há muito esquecido na filmografia de Ingmar Bergman. Cenas de um casamento, obra de 1974, inicialmente concebida como uma série de televisão em 1973, é uma óbvia referência no trabalho de Baumbach, que certamente bebeu muito da fonte do mestre sueco, assim como seus protagonistas, Scarlett Johansson e Adam Driver, também beberam ao compor os personagens.

Vencedor do Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro de 1975, Cenas de um casamento conta a história de Johan (Erland Josephson) e Marianne (Liv Ullmann), um casal bem sucedido financeiramente e profissionalmente, que aparenta também gozar de um matrimônio auspicioso. A imagem positiva da relação, inclusive, se torna objeto de uma reportagem de revista, realizada pela jornalista Palm (Anita Wall), abordando os dez anos da união de duas figuras intelectuais e admiráveis.

Ocorre que os questionamentos efetuados pela entrevistadora, a prestação de serviço de Marianne como advogada no divórcio da Sra. Jacobi (Barbro Hiort af Ornas), o jantar com o casal desestruturado de amigos Katarina (Bibi Andersson) e Peter (Jan Malmsjo), o flerte de Johan com uma colega de trabalho e a insatisfação de Marianne ao perceber a dificuldade de romper com a tradicional visita à casa de seus pais todo domingo, fazem com que o castelo de areia desmorone, e desencadeie uma sequência de eventos massacrantes para o casamento deles.

Poderoso e comovente, Cenas de um casamento é um dos retratos familiares mais complexos da história do cinema. Assim sendo, é um pecado assistir a obra em formato de filme, em detrimento da versão estendida, em série. Os seis episódios, que totalizam 281 minutos, são sublimes, com uma direção sensível e provocadora de Bergman, e uma atuação magnânima da incomparável Liv Ullmann. Acompanhamos a evolução e a decadência psicológica e sentimental do casal, numa análise comportamental jamais vista.

Basta ter o mínimo de sensibilidade para já não conseguir ficar alheio ao relacionamento abusivo de Marianne e Johan. Os diálogos ácidos de Bergman, recheados de inserções filosóficas, antropológicas, sociológicas e literárias, tocam profundamente em feridas doloridas do cotidiano a dois. Diversos são os bons filmes que tratam da temática do casamento, outros tantos são excelentes ao abordar relações entre casais, muitos escancaram as dores do adultério, e vários expõem o drama do divórcio. Mas Cenas de um casamento é o único a mostrar o cenário completo, de modo magistral e inesquecível.

Ponto forte: Diálogos, atuações e direção de Bergman entrosadíssimas e especialmente inspiradas.

Ponto fraco: O filme perde muito para a série. Quem tiver a oportunidade, deve assistir a versão estendida.

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Ficha Técnica

Direção de Ingmar Bergman

Roteiro de Ingmar Bergman

Produção de Lars-Owe Carlberg

Elenco principal com Liv Ullmann, Erland Josephson e Bibi Andersson

Fotografia de Sven Nykvist

Edição de Siv Lundgren

Design de produção de Bjorn Thulin

Figurino de Inger Pehrsson

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Dica cultural, diretamente da Suécia

A dica cultural de hoje é mais um Ingmar Bergman, Liv Ullmann e Erland Josephson, porque Bergman, Ullmann e Josephson nunca são demais. “A Hora do Lobo”, filme de 1968, é um terror surrealista do mestre sueco, protagonizado pelo monstro sagrado Max von Sydow. Um casal se muda para uma ilha afastada, onde a população apresenta comportamentos estranhos, e esse ambiente acaba afetando-os, principalmente o marido, psicologicamente. Repleto de referências góticas, a obra aposta num ambiente de pesadelo, e convida o público a sofrer com o artista Johan Borg, um homem atormentado pela culpa, pelo medo, pelo desespero, e pela hora do lobo, que é “a hora que antecede o lusco-fusco da madrugada. É a hora em que a maioria das pessoas morre, quando o sono é mais profundo e os pesadelos piores. É a hora em que o insone é perseguido por suas piores angustias, quando os fantasmas e os demônios são mais impressionantes. A Hora do Lobo é também a hora em que a maioria das crianças nasce.” Foi o meu primeiro contato com a obra de Bergman e é, até hoje, um dos filmes mais marcantes da minha vida.

Por hoje, é isso, companheiras e companheiros.

Até mais.

Carvalho de Mendonça

Atlantique (Senegal, 2019)

Quinzenalmente, estamos aqui no Masmorra Cine, falando de filmes não-estadunidenses de uma forma que cabe no seu tempo e, de quebra, apresentando dicas culturais oriundas dos países das obras destacadas. Venha conosco. Hoje, iremos ao Senegal.

 

Carvalho de Mendonça – Podcast ” O Livro da Minha Vida” – Blog Veia Dramática

 

ATLANTIQUE (Senegal, 2019)

Atlantics – Drama/Realismo Fantástico – 1h47min – Mati Diop

A obra em 8 segundos

Por uma vida melhor, operários senegaleses tentam atravessar o oceano até à Europa. A travessia é interrompida por uma tragédia, mas algo sobrenatural subverte o destino de todos.

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A obra em 57 segundos

Por uma vida melhor, operários senegaleses tentam atravessar o oceano até à Europa, mas a travessia é interrompida por uma tragédia. Um deles é Souleiman (Ibrahima Traoré), jovem que vive um romance com Ada (Mame Bineta Sane), garota pobre que está prometida em casamento a Omar (Babacar Sylla), um figurão do local, herdeiro de grande fortuna e sonho matrimonial de todas as mulheres da região (exceto de Ada). A moça, que já era infeliz devido ao enlace forçado e ao romance secreto, sofre um abalo inesperado com o desaparecimento do amante no mar, mas algo sobrenatural subverte o destino de todos. A direção de Mati Diop é especial e a utilização do realismo fantástico para fazer crítica social é acertadíssima. O clima onírico impresso na relação entre os personagens, e na relação destes com o mar, é poderoso. Em contrapartida, o roteiro é confuso, deixando algumas passagens ininteligíveis e totalmente dispensáveis. A protagonista faz um trabalho brilhante e carrega a trama com maestria.

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A obra em 2 minutos e 34 segundos

Em Dakar, capital do Senegal, uma torre de estilo futurista está sendo construída para abrigar um luxuoso shopping center. No canteiro de obras, porém, os operários não recebem suas remunerações há quatro meses. Arrimos de família, alguns deles contraíram enormes dívidas para patrocinar o seu sustento e de seus dependentes, resultando, inclusive, em ameaças por parte de agiotas. Em busca de uma saída, eles usam um barco para tentar atravessar o oceano e chegar à Espanha, mas a viagem é interrompida por uma tragédia.

Um dos operários é Souleiman (Ibrahima Traoré), jovem que vive um romance com Ada (Mame Bineta Sane), garota pobre que está prometida em casamento a Omar (Babacar Sylla), um figurão do local, herdeiro de grande fortuna e sonho matrimonial de todas as mulheres da região (exceto de Ada). A moça, que já era infeliz devido ao enlace forçado e ao romance secreto, sofre um abalo inesperado com o desaparecimento do amante no mar, pois sequer sabia da viagem do amado. Porém, o sol se põe, a lua surge, e traz com ela o sobrenatural, que subverte toda a história, inclusive o gênero do filme.

Atlantique é a primeira experiência na direção de longa metragem da cineasta francesa Mati Diop, e, logo na estreia, ela já foi selecionada para concorrer a Palma de Ouro em Cannes, bem como a película já se tornou um dos exemplares mais procurados da Netflix. A direção de Diop é realmente especial. O clima onírico impresso na relação entre os personagens, e na relação destes com o mar, é poderoso e competente ao seduzir o público. Em contrapartida, o roteiro é confuso, deixando algumas passagens ininteligíveis e totalmente dispensáveis.

Apesar disso, um aspecto que merece ser ressaltado no trabalho da diretora é a seleção de elenco. Formado por atores e atrizes locais, o grupo é homogêneo, com coadjuvantes simpáticos, e uma protagonista potente, que domina a tela e carrega a trama com maestria. Com uma construção precisa de Mame Bineta Sane, Ada representa o espectador no caminho surreal desenhado pelo filme, partindo do amor romântico proibido, passando pelo julgamento social, policial e religioso, chegando ao desfecho fantástico, sobrenatural, absurdo, comovente.

Atlantique usa o realismo mágico para fazer crítica social. O método não é novo, mas é raro no cinema, principalmente nos dias atuais. Muito forte na literatura latino-americana, o gênero também possui a sua vertente na África, com ângulos distintos, chamado pelo escritor angolano Pepetela de “realismo animista”. Aqui, a exploração pelas grandes corporações, a submissão feminina em povos religiosos, o problema dos refugiados (e as constantes mortes no mar), estão poeticamente margeados pela fantasia, e desenhados pela sensível lente de Mati Diop.

Ponto forte: Realismo fantástico utilizado em favor de crítica social.

Ponto fraco: Roteiro é problemático, o que enfraquece o todo e torna a obra um pouco confusa, com passagens aleatórias e nada coesas.

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Ficha Técnica

Direção de Mati Diop

Roteiro de Mati Diop e Olivier Demangel

Produção de Judite Lou Lévy e Eve Robin

Elenco principal com Mame Bineta Sane, Amadou Mbow, Ibrahima Traoré, Nicole Saugou, Animata Kane, Babacar Sylla, Mariama Gassama, Ibrahima Mbaye e Diankou Sembene

Fotografia de Claire Mathon

Edição de Ael Dallier Vega

Figurino de Salimata Ndiaye e Rachel Raoult

Trilha Sonora de Fatima Al Qadiri

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Dica cultural, diretamente de Senegal

A dica cultural de hoje é o som do grupo senegalês Orchestra Baobab. Mantendo quase a mesma formação desde o início, a banda está junto há quase 50 anos, sendo que nos anos 70, chegou a ser considerada a principal representante da música no país. Dono de um swing incrível, o conjunto faz uma interessante composição de instrumentos, criando um som que transita entre ritmos populares africanos e a música cubana. A vasta discografia da Orchestra Baobab merece ser visitada e revisitada sempre.

Por hoje, é isso, companheiras e companheiros.

Até mais.

Carvalho de Mendonça

O filho da noiva (Argentina, 2001)

Quinzenalmente, estamos aqui no Masmorra Cine, falando de filmes não-estadunidenses de uma forma que cabe no seu tempo e, de quebra, apresentando dicas culturais oriundas dos países das obras destacadas. Venha conosco. Hoje, iremos à Argentina.

 

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O FILHO DA NOIVA (Argentina, 2001)

El hijo de la novia – Drama – 2h04min – Juan José Campanella

A obra em 12 segundos

Rafael respira o trabalho em seu restaurante, o que o faz negligenciar os demais aspectos de sua vida. Porém, um grave problema de saúde, o reaparecimento de um amigo de infância e um projeto inesperado de seu pai o fazem repensar suas prioridades.

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A obra em 55 segundos

Juntar o cineasta Juan José Campanella e o ator Ricardo Darín é uma receita para o sucesso, para fortes emoções e para cenas inesquecíveis. Explorando temas sensíveis e humanos, O filho da noiva, filme argentino de 2001, não possui a riqueza narrativa de O segredo de seus olhos, mas esbanja profundidade com personagens complexos e diálogos afiados. Rafael (Darín) respira o trabalho em seu restaurante, o que o faz negligenciar os demais aspectos de sua vida. Porém, um grave problema de saúde, o reaparecimento de Juan Carlos (Eduardo Blanco), um amigo de infância, e um projeto inesperado de seu pai, Nino Belvedere (Héctor Alterio), o fazem repensar as suas prioridades. A leveza do diretor ao abordar relacionamentos familiares, traçando paralelos entre passado e futuro, entre infância, vida adulta e velhice, entre pais, filhos e netos, entre maridos, ex-maridos, esposas e ex-esposas, é tocante, capaz de gerar turbilhões de sentimentos por simples olhares trocados.

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A obra em 3 minutos e 19 segundos

O cineasta argentino Juan José Campanella ficou imortalizado na história da sétima arte ao levar pra casa a estatueta do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro de 2010, pelo cultuadíssimo suspense dramático O segredo dos seus olhos. Porém, anos antes, em 2001, o diretor já havia sido indicado ao prêmio, com o belo drama O filho da noiva, obra parcialmente baseada em fatos vividos por Campanella na relação com a mãe, portadora do Mal de Alzheimer, assim como Norma, personagem vivida no filme pela incrível Norma Aleandro.

Rafael Belvedere (Ricardo Darín) respira trabalho, o que o faz negligenciar os demais aspectos de sua vida. Vivendo com o encargo de não deixar ruir o restaurante construído e mantido durante décadas por seus pais, ele deixa de lado o lazer, as relações interpessoais, o crescimento da filha Vicky (Gimena Nóbile), e sequer visita sua mãe adoentada em um asilo. Porém, um grave problema de saúde, o reaparecimento de Juan Carlos (Eduardo Blanco), um amigo de infância, e um projeto inesperado de seu pai, Nino Belvedere (Héctor Alterio), o fazem repensar as suas prioridades.

Juntar o cineasta Juan José Campanella e o ator Ricardo Darín é uma receita para o sucesso, para fortes emoções e para cenas inesquecíveis. Amigos, os dois já trabalharam juntos em O mesmo amor, a mesma chuva (1999) e Clube da Lua (2004), além do já citado O segredo de seus olhos, e de O filho da noiva. Darín, atualmente, é o grande nome do cinema argentino perante o público estrangeiro. Sua versatilidade impressiona e o seu talento pode ser admirado desde em comédias, como Um conto chinês (2011), até em dramas pesados, como Todos já sabem (2018), passando pelos já clássicos Nove Rainhas (2000) e Relatos Selvagens (2014). Em O filho da noiva, tanto Campanella, quanto Darín, estão no auge da sensibilidade artística, apresentando, talvez, o trabalho mais humano de ambos.

A leveza do diretor ao abordar relacionamentos familiares, traçando paralelos entre passado e futuro, entre infância, vida adulta e velhice, entre pais, filhos e netos, entre maridos, ex-maridos, esposas e ex-esposas, é tocante, e capaz de gerar turbilhões de sentimentos por simples olhares trocados. E por falar em troca, ela é perfeita entre o elenco. Como peça fundamental e guia maior da narrativa, Rafael trava diálogos inacreditáveis com os demais personagens: escancarando a conflituosa relação com a mãe, o peso do legado do pai, a ausência na criação da filha, a dificuldade nas relações amorosas, a calamitosa situação econômica e política da Argentina, e a impiedosa ação do tempo e do envelhecimento.

Buenos Aires é o cenário perfeito para a ambientação do drama da família Belvedere. O charme da cidade e de seu povo, que exala uma mistura exótica de tradição europeia e sangue quente latino, conversa suavemente com as figuras em cena. Ricardo Darín, Norma Aleandro, Héctor Alterio e Eduardo Blanco merecem nada menos que nota máxima pelo trabalho impecável nas atuações. O filho da noiva é um drama sutil, mas de uma grandiosidade emocional que o coloca na seleta lista dos melhores filmes de sempre desse cinema maravilhoso que é o argentino.

Ponto forte: Diálogos e atuações sensíveis e poderosos.

Ponto fraco: Filme poderia ser menor, o que impediria alguns momentos repetitivos e maçantes.

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Ficha Técnica

Direção de Juan José Campanella

Roteiro de Juan José Campanella e Fernando Castets

Produção de Adrián Suar

Elenco principal com Ricardo Darín, Norma Aleandro, Héctor Alterio, Eduardo Blanco, Natalia Verbeke e Claudia Fontán

Fotografia de Daniel Shulman

Edição de Camilo Antolini

Cenografia de Pablo Racioppi

Figurino de Cecilia Monti

Trilha Sonora de Angel Illarramendi e Iván Wyszogrod

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Dica cultural, diretamente da Argentina

A dica cultural de hoje é um pouco diferente das demais. Não falaremos de filmes, livros, quadrinhos, músicas, pinturas e afins. Indicarei um local maravilhoso que conheci em Buenos Aires, durante a minha última viagem de férias: o bairro de La Boca. O nome do lugar foi escolhido devido ao fato de se encontrar à beira do “riachuelo” que “desemboca” no Rio da Prata. Localizado em uma zona portuária, La Boca é considerado um dos bairros mais pobres da cidade, porém, sua alma o transforma em um emocionante (e imperdível) ponto turístico portenho. Ali nasceram os principais clubes de futebol do país, River Plate e Boca Juniors, sendo que este último ainda permanece por lá e é parte indissociável do bairro, das casas, das paredes e dos moradores, que respiram e transpiram futebol. Junto ao charmoso Estádio La Bombonera, o Caminito, com suas casinhas coloridas, é outra visita rica e necessária. Apesar de ter passeado por quase todas as áreas de Buenos Aires, nenhuma foi tão marcante quanto La Boca, o mais popular e mais sanguíneo bairro argentino.

Por hoje, é isso, companheiras e companheiros.

Até mais.

Carvalho de Mendonça

Mulheres à beira de um ataque de nervos (Espanha, 1988)

Quinzenalmente, estamos aqui no Masmorra Cine, falando de filmes não-estadunidenses de uma forma que cabe no seu tempo e, de quebra, apresentando dicas culturais oriundas dos países das obras destacadas. Venha conosco. Hoje, iremos à Espanha.

 

Carvalho de Mendonça – Podcast ” O Livro da Minha Vida” – Blog Veia Dramática

 

MULHERES À BEIRA DE UM ATAQUE DE NERVOS (Espanha, 1988)

Mujeres al borde de un ataque de nervios – Comédia dramática – 1h28min – Pedro Almodóvar

A obra em 14 segundos

Pepa é abandonada por Iván, de quem é amante, e descobre estar grávida. Lucía, esposa de Iván, sofre de problemas psiquiátricos e percebe que também está sendo deixada por ele. Em meio ao caos, Candela, amiga de Pepa, surge pedindo ajuda, pois se envolveu com um terrorista e teme ser presa.

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A obra em 52 segundos

Primeiro grande sucesso da carreira de Pedro Almodóvar, Mulheres à beira de um ataque de nervos catapultou a imagem do cineasta espanhol para o resto do mundo e lhe rendeu a sua primeira indicação ao Oscar. Abusando de todos os elementos que caracterizam o seu estilo, Almodóvar entrelaça diversas personagens femininas em uma trama surreal de farsa e desespero, com explosão de cores e caricaturas. Pepa (Carmen Maura) é abandonada por Iván (Fernando Guillén), de quem é amante, e descobre estar grávida. Lucía (Julieta Serrano), esposa de Iván, sofre de problemas psiquiátricos e acredita que ele está prestes a deixá-la por Pepa. Candela (María Barranco), amiga de Pepa, aparece pedindo ajuda, pois se envolveu com um terrorista e teme ser presa. Em meio ao caos, Carlos (Antonio Banderas), filho de Iván, e sua noiva Marisa (Rossy de Palma), surgem interessados em alugar o apartamento de Pepa. Na verdade, Iván planeja fugir com uma terceira mulher.

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A obra em 3 minutos e 20 segundos

Pedro Almodóvar é um cineasta inegavelmente marcante, suas obras jamais passam despercebidas, e seu estilo é um dos mais característicos dentre os grandes diretores de sua geração. O espanhol transita de forma hábil entre a tragédia e a comédia, entre o drama e o pastelão, entre o absurdo e o exagero. Abusando de cores quentes, figurinos exóticos, personagens excêntricos e perucas, Almodóvar consegue instigar sentimentos e despertar no público reações inesperadas: enquanto uns choram, outros gargalham. Enquanto uns se divertem, outros se desesperam.

Como gosto pessoal, sou mais afeito aos dramas do cineasta, aqueles filmes que só te fazem rir por aflição. Porém, a minha dupla de obras preferidas dele contém uma comédia farsesca rasgada: o trabalho que catapultou a imagem do cineasta espanhol para o resto do mundo e lhe rendeu a sua primeira indicação ao Oscar, como melhor filme estrangeiro: Mulheres à beira de um ataque de nervos. No longa, Almodóvar entrelaça diversas personagens femininas, no limite de suas emoções, em uma trama surreal, repleta de coincidências forçadas e diálogos hilários, que funcionam muito bem.

Pepa (Carmen Maura) é abandonada por Iván (Fernando Guillén), de quem é amante, e descobre estar grávida. Lucía (Julieta Serrano), esposa de Iván, sofre de problemas psiquiátricos e acredita que ele está prestes a deixá-la por Pepa. Candela (María Barranco), amiga de Pepa, aparece pedindo ajuda, pois se envolveu com um terrorista e teme ser presa. Em meio ao caos, Carlos (Antonio Banderas), filho de Iván, e sua noiva Marisa (Rossy de Palma), surgem interessados em alugar o apartamento de Pepa. Na verdade, o plano de Iván é fugir com uma terceira mulher.

Quase nenhum outro cineasta homem trata tão bem, e com tanto respeito, as dores femininas como Pedro Almodóvar. O olhar admirado que ele impõe sobre às mulheres em suas películas revela um pouco de sua visão nostálgica daquelas que habitaram a sua infância e a sua juventude. Suas personagens são fortes e fracas, poderosas e carentes, independentes e sentimentais. Em que pese toda a extravagância, suas personagens são reais, complexas e vivas, diferentemente da grande maioria criada no cinema atualmente (no passado, nem se fale).

No elenco, Almodóvar aposta em figuras recorrentes de sua obra, atores que se encaixam em sua estética e compreendem perfeitamente o tom que sua criação deve ter. Propositalmente, aqui Antonio Banderas é colocado em segundo plano, com um papel menor, bem diferente de sua veia dramática já usada pelo diretor em Matador A Lei do Desejo, e que seria ainda mais explorada, posteriormente, em Ata-me, A pele que habito e o recente Dor e Glória. O ponto alto de performance do filme é a estupenda Carmen Maura, que além de dominar todas as cenas, parece ter nascido com a alma de Pepa. Inesquecível, Mulheres à beira de um ataque de nervos está ao lado de Tudo sobre minha mãe no topo da minha hierarquia (injusta) almodovariana.

Pedro Almodóvar é um daqueles caras que fico aguardando ansioso por lançamentos, por novos clássicos libertários e ferventes, verborrágicos e incômodos, pois é um dos poucos artistas das antigas que eu acredito que a obra-prima ainda está por vir. A maturidade e o passar do tempo fazem muito bem a ele. E a nós, por consequência.

Aproveito para indicar o maravilhoso episódio do Masmorracast sobre a carreira do diretor espanhol:

https://masmorracine.com.br/2010/02/08/6107/

Ponto forte: O filme é um exemplar magnífico do respeito, da sensibilidade e do carinho do diretor ao tratar o universo feminino.

Ponto fraco: Personagens caricaturescos e situações que beiram ao pastelão enfraquecem um pouco o drama da obra, tão marcante em outros trabalhos do cineasta.

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Ficha Técnica

Direção de Pedro Almodóvar

Roteiro de Pedro Almodóvar

Produção de Pedro Almodóvar e Agustín Almodóvar

Elenco principal com Carmen Maura, Julieta Serrano, María Barranco, Rossy de Palma, Antonio Banderas, Fernando Guillén e Kiti Mánver

Fotografia de José Luís Alcaine

Edição de José Salcedo

Cenografia de Félix Murcia

Figurino de José Maria de Cossío

Trilha Sonora de Bernardo Bonezzi

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Dica cultural, diretamente da Espanha

A dica cultural de hoje é o longa Viridiana, filme espanhol de 1961, do mestre surrealista Luís Buñuel, vencedor da Palma de Ouro em Cannes. Viridiana é uma noviça que, antes de fazer seus votos definitivos, precisa deixar o convento e passar um período na casa do tio, seu único parente vivo, para ter a certeza de que é aquilo que quer da vida. Nessa viagem, porém, ela acaba tendo contato com a verdadeira face da humanidade. Ela é uma pessoa pura e inocente que é exposta à baixeza dos homens. Polêmico e extremamente crítico, o filme foi condenado pelo Vaticano por blasfêmia e indecência, além de ter sido banido da Espanha pelo ditador Francisco Franco. Protagonizado pela atriz mexicana Silvia Pinal, a obra ainda conta em seu elenco com Fernando Rey, Francisco Rabal, Teresa Rabal, Margarita Lozano, José Calvo e José Manuel Martín. Grande clássico do cinema mundial, que precisa ser visto e revisto sempre que possível.

Por hoje, é isso, companheiras e companheiros.

Até mais.

Carvalho de Mendonça