Resenha de livro: Clube da Luta

 

“Quebrando os dentes do conformismo”

Na segunda metade dos anos noventa, um jovem escritor do Oregon  deixou alguns editores perplexos com a segunda estória que tentava publicar; o texto foi considerado excessivamente volento por alguns; outros o acharam absurdo, perturbador, e até perigoso.

O romance intitulado “Fight Club” foi lançado em 1996 e as poucas pessoas que o leram na época tiveram suas cabeças viradas do avesso.

No livro, um personagem sem nome, torturado pela insônia e pelo tédio, frequenta grupos de ajuda para doentes terminais, até o dia em que, durante uma viagem, conhece um certo Tyler Durden; desse encontro nasce uma amizade e os dois criam um clube no qual homens se reúnem para lutar, o conceito do clube da luta  aos poucos revela ser parte de um projeto maior, com potencial para, entre outras coisas, ameaçar o futuro da civilização ocidental.

A escrita poderosa e carregada de um diabólico senso de subversão rendeu alguns prêmios  e muita polêmica ao autor, Chuck Palahniuk.

A Fox comprou os direitos para a realização de um filme que surgiu em 1999, com Edward Norton, Brad Pitt e Helena Bonhan Carter nos papéis principais e dirigido por David Fincher, que já havia deixado as platéias loucas em 1995 com seu longa  “Seven”.

Muita coisa da trama original ficou de fora do roteiro da adaptação cinematográfica , mesmo assim, a idéia básica chegou ao grande público e sua repercussão atingiu proporções inesperadas e incontroláveis, inclusive no Brasil onde ocorreu um atentado a tiros durante uma das sessões.

Com o sucesso da película, também o livro foi redescoberto e conseguiu ocupar  seu devido lugar de culto na literatura contemporânea de língua inglesa.

Literatura de alto nível e ainda assim, muito divertida; Clube da Luta poderia ser classificado como um manual prático de niilismo militarizado, um rugido anti capitalista, um estudo sobre as raízes filosóficas do terrorismo ou ainda, uma ambiciosa fusão literária de O Coração das Trevas e O Médico e o Monstro.

O autor prefere definir o enredo como uma história de amor.  Este mês a editora LeYa traz a obra de volta às livrarias brasileiras com a competente tradução de Cassius Medauar que preserva o impacto e o formidável rítmo do original; a edição é acrescida de um posfácio no qual o autor comenta a gênese do texto e os estranhos fatos gerados pela influência do filme.   Leitura obrigatória para os que viram “Fight Club” na telona e mais ainda para quem não teve a oportunidade de assistir.

Para concluir, uma advertência ao leitor: Cuidado, quando conhecer Tyler Durden ele não vai tolerar que você permaneça em sua zona de conforto e provavelmente vai usar a força bruta para arrancá-lo de lá.

Título: Clube da Luta (Fight Club)

Autor: Chuck Palahniuk – Tradução: Cassius Medauar

Editora: LeYa

Páginas: 272

Texto de Marcos Noriega



 

9 pensamentos sobre “Resenha de livro: Clube da Luta

  1. Acho que o “bom” é que ainda não vi o filme, pois sempre acreditei que uma obra cinematográfica baseada em um livro é melhor percebida após a leitura do mesmo, talvez pela riqueza de detalhes e pela viagem que nossa imaginação faz pelas palavras bem colocadas dentro dos romances.

    Um filme bem produzido consegue transmitir boa parte desses sentimentos que a imaginação aflora, e acredito que seja o caso de Fight Club.

    Obrigada pela dica!

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    • Aconselho a ver o filme primeiro e depois ler o livro.
      Não é normal, mas esse é um raro caso em que ver o filme primeiro é mais recomendado.
      O filme é muito direto e passa a mensagem muito bem. Vê-lo de certa forma vai servir como muleta quando você for ler o livro pois de outra forma você teria que ler o livro duas vezes para ter o aproveitamento total.
      Concordo com o Borg, são muito parecidos, talvez nem valha a pena fazer os dois, mas se você gostar de ver o filme, é uma experiência também muito boa ler o livro.

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  2. Fiquei com vontade de ler também. Vi o filme e adorei. É daqueles filmes que sempre quando passa na tv, eu assisto com o mesmo entusiasmo do início!

    Ótimo texto!

    []s
    Lívia

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  3. O livro é bom. Mas o filme é ipsis literis o livro. Então veja o filme, é mais rápido e divertido. Ler o livro e ver o filme é perda de tempo.
    Este é um dos poucos casos onde o livro não é melhor que o filme. Ele simplesmente é igual.

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    • Poxa, será mesmo que não vale a pena ler primeiro?

      Obrigada por sua sugestão já que teve as duas experiências, mas ainda bate aquela dúvida quanto a leitura, pela riqueza que podemos ter lendo!

      Que dúvida bateu agora, hein?! 🙂

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