The hidden blade

Poucos de nós realmente conhece a cultura japonesa. Alguns afortunados têm a oportunidade de viajar ao Japão e ter contato direto com os costumes daquele povo tão interessante. Outros, por outro lado, pobres mortais como a maioria, podem se utilizar de alguns outros meios, tais quais os animes, mangás, e também, o cinema. É muito bom quando assistimos um filme que nos transmite a realidade de uma época, os costumes de um povo, sua cultura e história. E um que me agradou nesse quesito foi Kakushi Ken Oni No Tsume – The Hidden Blade (A Espada Oculta) – 2004.

Yoji Yamada, escritor e diretor da obra, traz a estória de um samurai, Munezo Katagiri, interpretado por Masatoshi Nagase, que nunca levantou sua katana numa luta real, e vive diversos conflitos. O primeiro gira em torno da utilização de armas de fogo, numa época em que o Japão começa a se abrir para as manufaturas do Ocidente; o segundo é com uma mulher que ama, mas que está abaixo de sua casta, tornando o romance impossível; e por fim, ser obrigado a lutar contra um amigo de longa data, que participou de um movimento rebelde contra o Imperador. No centro disso tudo está o código de honra dos samurais, o Bushido, e como ele é seguido e respeitado pelo personagem, suprimindo tudo, desejos, paixões, e até o respeito aos superiores.

O filme é perfeito ao retratar os costumes da época, o modo de vida de um simples samurai e o contato do Japão de uma forma abrupta com a cultura ocidental, vendo-se até de maneira um pouco hilária o aprendizado dos samurais nas táticas de guerra com armas de fogo. Por ter sido um capítulo curioso da história japonesa, a abertura para o ocidente influenciou muito no país, onde alguns, mesmo com relutância, aceitaram, e outros veem como um insulto as mudanças nas quais são obrigados a se inserirem.

Yamada faz de The Hidden Blade uma das obras mais importantes de seu currículo, apesar de não ter sido tão premiada quanto Twilight Samurai (Samurai do Entardecer) de 2002. Ele consegue transmitir, através das interpretações, muito dos sentimentos dos personagens. A rígida cultura do passado japonês é bem retratada pelos diálogos, tudo de uma forma muito fiel, a exemplo das mulheres, sempre submissas e voltadas para atender aos homens. A fotografia com a ambientação do vilarejo e da fortaleza do feudo ajudam ainda mais a inserir o período histórico e demonstrar as diferentes castas sociais.

The Hidden Blade triunfa ao conseguir uma incursão dentro da sociedade japonesa do final do Século XIX. Vai gostar do filme quem tem algum apreço pela cultura oriental. Eu, por exemplo, adoro tudo que trate sobre samurais, mas posso dizer que vê-los sob uma ótica mais real, sem a supervalorização que muitos filmes gostam de fantasiar, assumiu um contorno especial. Isto devido ao fato de que o magnífico guerreiro, destemido e temerário, o herói de katana na mão, é substituído por um homem simples, com seus medos e paixões, mas um exemplo fiel dos princípios do Bushido. Um ótimo filme!!!

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2 pensamentos sobre “The hidden blade

    • Jeff, vale muito você assistir. É um ótimo filme do cinema japonês e, apesar de não ser fantasioso como os tipos de obras que você mencionou, tem muita identidade da cultura oriental japonesa, principalmente de fim de século XIX e começo do XX.

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