Camino

O cinema é uma arte que pode ser utilizada de diversas maneiras. Uma delas é o ataque que alguns diretores fazem com maestria, através de suas obras, contra fortes entidades de nossa sociedade. Dentre as críticas, algumas se direcionam contra a Religião, mais precisamente, a Igreja Católica. E aí é preciso tamanho desprendimento e liberdade criativa para conseguir atingir, de forma precisa, a mente de quem assiste.

Camino (Um Caminho de Luz) – 2008, filme escrito e dirigido por Javier Fesser, que ganhou seis Goyas, principal prêmio do Cinema Espanhol, é uma dura crítica à Opus Dei. Fesser se inspirou na história de uma garotinha de Madrid, Alexia González Barros, que faleceu em Pamplona, vítima de Câncer, e que se encontra em processo de Beatificação no qual a Opus Dei manipula sua doença e tenta tratá-la como um sacrifício que devemos passar para provar o amor à Deus.

Continuar lendo

Goya em Burdeox de Carlos Saura.Telas em movimento…



“Goya en Burdeox”, escrito e dirigido por Carlos Saura, explora a experiência vital e a trajetória artística daquele que é considerado o primeiro pintor da era moderna. Seus últimos meses de vida servem de fio condutor para um relato que penetra na sua dimensão humana, na sua obra e em suas obsessões pessoais.

Este filme é o 30° da filmografia de Carlos Saura e para a sua realização, contou com a cinematografia de um mago da luz, Vittorio Storato, a direção artística do “premiado” Pierre-Louis Thévenet, e do estilista Pedro Moreno.

Para encarnar Goya maduro, contou com Paco Rabal, um dos atores mais sólidos do cinema espanhol, o qual fez o seguinte comentário sobre o personagem: ” Creio que o magnífico roteiro de Carlos Saura dá uma visão real de Goya, um homem do povo, tenaz, e que teve uns princípios muito rígidos.

Todavia não teve uma juventude fácil. Ficou surdo, fato que o afastou do mundo, mas aguçou sua sensibilidade. Gosto muito do roteiro, da sua estrutura, pois volta no tempo e depois recupera a vida terminando de forma poética. Há uma frase preciosa que define perfeitamente o artista: “se fosse mais culto, este homem seria menos grande”.

Sinopse:

O genial pintor espanhol Francisco Goya (1746 – 1828), já idoso, está exilado em Bordeaux (França), fugindo da política opressiva do rei espanhol Fernando VII (1784 -1833).

Aos 82 anos, vive com Leocadia Zorrilla de Weiss, a última de suas amantes, e sua filha Rosario, a quem reconstitui os acontecimentos que marcaram a sua vida.

Nestes relatos, acontecem revoltas políticas, paixões tumultuadas e a êxtase da fama. Lembrará do Goya jovem e ambicioso que luta para conseguir os seletos privilégios da corte de Carlos IV (1748 – 1819), onde viverá o reconhecimento e a fortuna, as intrigas do palácio e o jogo da sedução e da mentira.

Também relembrará o seu único amor, a Duquesa de Alba, uma mulher que influênciou a sua vida e a história do seu tempo, e cuja existência ficará truncada pelo veneno das conspirações.

Jose Coronado interpreta Goya jovem, quando desde a sua terra natal, Zaragoza, chega a Madrid durante o reinado de Carlos III. Sua escassa formação cultural não o impede de compreender as novas correntes liberais importadas da França, e logo simpatiza com um seleto grupo de intelectuais que o põe em contato com o ilustracionismo. Esta afinidade lhe traria problemas até o dia de sua morte, ocorrida no exílio.

A Duquesa de Alba (Maribel Verdú), é um dos personagens mais polêmicos e magnéticos da vida de Goya. Em 1794, Goya e a Duquesa iniciaram uma amizade intensa e atribulada devido ao forte caráter de ambos, e acima de tudo, à marcante personalidade de Cayetana. Em 1796, com a morte do marido, Goya muda-se para a mansão da aristocrata em Sanlúcar de Barrameda, onde viveram juntos por onze meses. Durante esse tempo Goya realizou um famoso álbum de desenhos de mulheres onde ficou refletida, em todos os pormenores, a vida doméstica de sua amante.

Eulália Ramón interpreta Leocadia Zorrilla de Weis, a última amante de Goya, 40 anos mais jovem que ele e que cuidará do pintor até o final. Após a morte de Josefina Bayeu, sua primeira mulher, Goya teve um reencontro com Leocadia, fato que os uniu definitivamente.

Outro fato a destacar é a presença da morte na seqüência inicial e final do filme. Estas cenas revelam uma visão notadamente bergmaniana. É também fabulosa a sobreposição de planos elaborados por Saura e a marcante participação do grupo catalão “La Fura dels Baus” representando o domínio das tropas de Napoleão sobre os espanhóis na ” Guerra Peninsular” ou ” Guerra de la Independencia” (1808 – 1813).

Carlos Saura

Nasce em Huesca, Espanha, em 4 de janeiro de 1932. Sua inclinação para o cinema vem desde criança. Sua mãe, que era pianista, lhe incutiu o gosto pela música, enquanto que seu irmão maior, Antonio, dedicou-se à pintura. Desta forma, encontramos em suas obras referências a Hieronymus Bosch e Goya.

Desde adolescente começou a praticar a fotografia e a partir de 1950, realizou suas primeiras reportagens com uma câmera de 16 mm. Mudou-se para Madrid com a intenção de seguir a carreira de Engenheiro Industrial mas sua vocação pela fotografia, o cinema e o jornalismo o levaram, mais tarde, a abandonar os estudos e matricular-se no Instituto de Investigações e Estudos Cinematográficos.

Elenco

Francisco Rabal ( Goya velho)
Jose Coronado (Goya jovem)
Dafne Fernandez (Rosário)
Maribel Verdú (Duquesa de Alba)
Eulalia Ramon (Leocadia)
Joaquin Climent (Moratín)
Cristina Espinosa (Pepita Tudó)
Josep Maria Pou (Godoy)
Saturnino Garcia (Padre e São Antonio)
Carlos Hipólito (Juan Valdés)
La Fura dels Baus

Ficha Técnica:

Título em Português: Goya
Título Original: Goya en Burdeox
Gênero: Histórico
Tempo de Duração: 106 minutos
Idioma: Espanhol
Realização: Espanha
Ano de Lançamento: 1999
Direção: Carlos Saura
Roteiro: Carlos Saura
Fotografia: Vittorio Storaro
Produção: Andrés Vicente Gómez para Lola Films
Ajudande de Produção: Manuela Ocón
Ajudante de Direção: Carlos Saura Medrano
Direção Artística: Pierre Louis Thevenet
Música: Roque Baños
Som: Carlos Faruolo
Figurinos: Pedro Moreno